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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Lendas Portuguesas



Distrito de Faro:

Lenda da Castelã Moura de Salir

A vila de Salir, no Algarve, deve o seu nome à filha do alcaide de Castalar, Aben-Fabilla, que fugiu quando viu o seu castelo ameaçado pelo exército de D. Afonso III. Antes de fugir, o alcaide enterrou todo o seu ouro, pensando vir mais tarde resgatá-lo. Quando os cristãos tomaram o castelo encontraram-no vazio, à excepção da linda filha do alcaide que rezava com fervor que tinha preferido ficar no castelo e morrer a "salir". De um monte vizinho, Aben-Fabilla avistou a filha cativa dos cristãos e com a mão direita traçou no espaço o signo de Saimão, enquanto proferia umas palavras misteriosas. Nesse momento, o cavaleiro D. Gonçalo Peres que falava com a moura viu-a transformar-se numa estátua de pedra. A notícia da moura encantada espalhou-se pelo castelo e um dia a estátua desapareceu. Em memória deste estranho fenómeno ficou aquela terra conhecida por Salir, em homenagem pela coragem de uma jovem moura. Ainda hoje no Algarve se diz que em certas noites a moura encantada aparece no castelo de Salir.

Fonte: http://lendasdeportugal.no.sapo.pt/ (17/01/2011; 09:30)


Distrito de Braga:

O Senhor do Galo de Barcelos e o Milagre do Enforcado

Esta lenda está associada a um antigo padrão de pedra de Barcelos, de origem desconhecida, que tem em si gravados, em baixo relevo, a Virgem, S. Paulo, o Sol, a Lua e um Dragão de um lado e do outro um Cristo Crucificado, um Galo e Santiago sustentando um enforcado. Na origem da lenda está um crime perpetrado em Barcelinhos que ficou impune, apesar das sérias investigações das autoridades de então. Este crime ficou esquecido até que um dia um peregrino galego que se dirigia a Santiago parou para passar a noite no albergue local. Ao jantar, enquanto ceava, reparou que alguém o observava fixamente mas não fez caso e continuou a sua refeição. O observador saiu do albergue, dirigiu-se a casa do juiz, e acusou o peregrino da autoria do crime. Preso, o crente galego não conseguia apresentar provas da sua inocência, tendo sido levado para as masmorras, julgado e condenado à forca. No dia do enforcamento, o peregrino pediu, como sua última vontade, que o levassem à presença do juiz que tão injustamente o tinha julgado. Perante o juiz, que estava em sua casa preparando-se para trinchar um magnífico galo assado, o condenado ajoelhou-se. Seguidamente, afirmou a sua inocência e suplicou que não o enforcassem, pois era a primeira vez que estava em Barcelinhos e nunca tinha visto a vítima do crime. O juiz não se comoveu. Então, o galego invocou a ajuda de Santiago e perante todos afirmou que era tão certo estar inocente como o galo assado cantar antes do dia acabar. Todos os convivas presentes se riram da afirmação mas, supersticiosamente, não tocaram no galo. À noite, observaram com espanto que o galo se cobria de penas novas, se levantava e batia asas para cantar com energia. Correram todos para o lugar da forca e encheram-se de espanto ao ver o peregrino vivo, com uma corda lassa à volta do pescoço, apesar de estar pendurado. Atemorizados por este facto insólito, libertaram o peregrino galego, deixando-o seguir o seu caminho. Diz-se que em agradecimento pela ajuda de Santiago, o peregrino mandou colocar o padrão que ainda hoje lá se encontra.

Fonte: http://lendasdeportugal.no.sapo.pt/ (17/01/2011; 09:30)

Açores:

Lenda das Sete Cidades

Conta a lenda que o arquipélago dos Açores é o que hoje resta de uma ilha maravilhosa e estranha onde vivia um rei possuidor de um grande tesouro e uma imensa tristeza por não ter um filho que lhe sucedesse no trono. Esta dor tornava-o amargo com a sua rainha estéril e cruel com o seu povo. Mas uma noite perante os seus olhos desceu uma estrela muito brilhante dos céus que aos poucos se foi materializando numa mulher de beleza irreal envolta em luz prateada. Com uma voz que mais parecia música essa mulher prometeu-lhe uma filha bela como o sol sob a condição que o rei expiasse a sua crueldade e injustiça através da paciência. O rei teria que construir um palácio rodeado por sete cidades cercadas por muralhas de bronze que ninguém poderia transpor. A princesinha ficaria aí guardada durante trinta anos longe dos olhos e do carinho do rei. O rei aceitou o desafio. Decorreram 28 anos e com eles cresceram a impaciência e o sofrimento do rei, que um dia não aguentou mais. Apesar de ter sido avisado que morreria e que o seu reino seria destruído, o rei dirigiu-se às muralhas, desembainhou a espada e nelas descarregou a sua fúria. A terra estremeceu num ruído terrível e das suas entranhas saíram línguas de fogo enquanto que o mar se levantou sobre a terra e a engoliu. No fim de tudo, restaram apenas as nove ilhas dos Açores e o palácio da princesa, transformado agora na Lagoa das Sete Cidades dividida em duas lagoas: uma verde como o vestido da princesa e a outra azul da cor dos seus sapatos.

Fonte: http://lendasdeportugal.no.sapo.pt/  (17/01/2011; 09:30) 

Distrito de Setúbal:
A LENDA DA CAPARICA


Tudo começou há longos anos, quando uma menina contemplava o mar, numa tarde calma e branca de calor.
Ela não sabia que estava a ser observada por um velho, que se sentia intrigado com aquela criança, embrulhada numa capa. Foi falar com a menina e ela explicou-lhe que vivia só, que se chamava Miúda e que sempre tivera aquela capa.
O velho estava admirado. Como era possível que uma menina tão pequena andasse pelo mundo sem eira nem beira? Propôs-lhe viverem juntos, pois ele também estava só e tinha uma casinha no alto do monte, junto ao mar.
Assim foi. Ficaram juntos, ele envelhecendo e ela a crescer. Viviam com o que havia: o sol, o mar, os mariscos das rochas. Um dia, o velho achou que era tempo de se ir embora. Pediu à miúda a sua capa, porque tinha frio. Ela pôs-lha sobre o corpo, deu-lhe a mão e deixou-se dormir juntamente com ele. Quando acordou, ele já estava morto e a Miúda enterrou-o numa sepultura perto da igrejinha da Senhora do Monte. Deixou de chamar-se Miúda e escolheu para si o nome de Mulher.
Continuou a viver naquela casa, solitária. A sua vida era a mesma de sempre; as suas vestes, a velha capa. A Mulher viveu ali tantos anos, que lhe perdeu a conta.
Certo dia, reparou que a gente da zona começava a olhá-la estranhamente, como se tivessem medo dela. Não atinava porquê, já que ela nada mais era do que a Mulher velha e solitária, a Mulher da capa que, afinal, todos conheciam desde sempre. E agora ouvia dizer baixinho, quando descia à aldeia: "Bruxa, bruxa!".
Entristeceu, porque desconhecia o motivo por que lhe chamavam tal nome e porque não sabia que dentro de si saía uma luz desconhecida, quando no alto do monte erguia os braços ao sol ou à lua, na sua saudação diária.
As pessoas foram contar ao Rei e este mandou-a chamar, dizendo-lhe que ela era poderosa e que fazia ouro e malefícios. Ela ficou muito admirada e replicou que era tão pobre que só tinha aquela capa desde que nascera. O Rei olhou a Mulher e viu que era verdade. Mandou-a embora, com vergonha.
Um dia, quando as gentes da aldeia souberam da morte da Mulher pelo dobre dos sinos da Senhora do Monte, acorreram à velha morada cheias de curiosidade. Sobre o seu corpo estava a velha capa e sobre esta encontrava-se um papel destinado ao Rei. Nele estava escrito: "Meu Senhor: deixo-vos esta capa que tenho desde que nasci. Encontrei nela todo o ouro que diziam que eu tinha: foi o meu velho companheiro que, antes de se ir embora, aí o meteu. Eu nunca o tinha visto e agora que vi, não preciso dele. Utilizai-o nesta terra para que todos tirem dele o que mais desejarem. Afinal a minha capa era uma capa rica. Que o meu Deus vos abençoe."
Foi assim que apareceu o nome de Caparica, em memória de uma Mulher que ali surgiu um dia, quando era Miúda, vinda dos caminhos da Terra, coberta por uma capa já velha. 



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